sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Fica na tua, velho!



Desculpa perturbar viagem silenciosa. Humildade.

Trago utilidade, benfeitoria, solução pra dia-a-dia.

Barbeador. (Zummm...). Custa 70, 60, 50. Comigo, 20. Aproveita vou embora, último pacote, promoção, 10. Aproveita pracabá.

Depila pé. Virilha. Peito. Axila. Bigode. Barba. Sobrancelha.

Cortar alto, bota 6. Mais baixo, bota 5. Mais, bota 4. Ainda, é 3. Aperta e desliza suave. Até 1. Suave. Aperta e desliza.

Senhor.

Mais?

Não.

Deus abençoe.

*

Olhinhos brancos e pontinhos pretos, arregalados, acendem e apagam, rubros, auxiliados pelo silvo de lábios e diafragma.

Pro outro lado! Pro outro lado!

Vai-lhe de encontro, a subir a rampa.

Que?

A mão não auxilia. Sustenta carrinho lotado de bolacha a descer passarela. Consegue desviar. Não sem espirrar cinco ou sete pacotes.

Porra! Viado!

Palavras curtas, precisas.

Caminho continua.

Eu, hein! Não respondo pra não mexer com velho. Diz que lei mudou, agora é crime mexer com velho. Fica na tua, velho!

Velhinho desce a carregar fardo. Logo subirá e repetirá processo. Eternidade.

6 comentários:

Thiago Ricardo de Mattos disse...

Corta preços e pelos, para esta viagem ser em paz.

Vitor Lima disse...

Corta tudo, Thiago. Na humildade.

Augusto Lima disse...

Meu encontro com um velho vendedor de bananas em Itacoatiaqra-AM (em 27/02/2016).
Eu (querendo banana tipo prata): Que banana é essa?
Velho (sem demonstrar qualquer entusiasmo): É banana, só sei que é banana. O Senhor quer?!
Eu (nada mais a fazer): Não, obrigado!

Vitor Lima disse...

O velho cansado da vida, pai. Nada mais a fazer.

Augusto Lima disse...

Isso!

Augusto Lima disse...

Isso!