terça-feira, 29 de julho de 2014

Seis personagens à procura de um autor

Viviane Mosé

Em comentário, na rádio CBN, intitulado “Diante das manifestações, adote seu filho antes que um professor de história ou filosofia o adote”, Viviane Mosé diz que estamos em uma guerra. A guerra que, de um lado, estão os professores de filosofia, corruptores da juventude (é isso mesmo: após 2.500 anos, voltamos à mesma acusação dirigida à Sócrates), e, de outro, os pais dos alunos desses professores, que não querem ver seus filhos em violentas e não democráticas manifestações de rua. O título do podcast é retirado de um depoimento de um pai de aluno, citado por Mosé.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Agarrados agarrados a noite toda

Elizabeth Bishop


Agarrados agarrados a noite toda
os amantes permanecem.
Eles revolvem-se juntos
durante o sono,

agarrados como duas páginas
em um livro
que se leem mutuamente
no escuro.

Cada qual sabe tudo
o que o outro sabe,
aprendido de cor
da cabeça aos pés.

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De Elizabeth Bishop
Traduzido por Vitor Lima
Para Evelyn

quarta-feira, 23 de julho de 2014

A epopeia de Elizabeth Bishop no Brasil

Bishop (Miranda Otto) e Lota (Glória Pires)

Há outras maneiras de interpretar um filme de amor que não como simplesmente um filme de amor. Entretanto, entendo que seja difícil, ainda mais quando o amor em jogo é um amor gay com alguma sugestão de triângulo amoroso. O filme Flores Raras (Bruno Barreto, 2013) que gira em torno do romance entre a poeta estadunidense Elizabeth Bishop (Miranda Otto) e a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares (Glória Pires) é um exemplo. Ambientado no Rio de Janeiro, especialmente na região de Samambaia, em Petrópolis, dos anos 1950-60, a película faz referência às duas grandes mulheres que, tal qual o título sugere, são duas flores raras. Lê-las assim, porém, é o manifesto. Ao sair da sala do Teatro R. Magalhães Jr., na Acadêmia Brasileira de Letras, hoje mais cedo1, pensei que talvez a estória pudesse ser encarada por outro ponto de vista.

domingo, 20 de julho de 2014

Estaria Leonardo Boff sofrendo de uma séria doença?

Leonardo Boff


Há uma doença no meio intelectual que o torna motivo de zombaria. O efeito principal dessa moléstia é fazer com que um autor cite outro a fim de parecer mais erudito, sem se importar se o excerto utilizado se ajusta ao todo argumentativo de seu próprio texto ou se o fragmento referido não contraria o pensamento macro do pensador referenciado. Dentre os citados, Nietzsche consta com certa frequência, talvez devido ao caráter aforismático de sua obra, aberta à polissemia. Afetado pela doença e, por isso mesmo, querendo parecer inteligente, um autor cita Nietzsche. E é desse ato que surge o nome para a enfermidade inflamatória das faculdades mentais: a citanietzsche.