sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

A suspeita de Skylab



Diante da chacina que aconteceu em Paris com a revista Charlie Hebdo, na semana passada, é compreensível que tenha havido identificação em massa com uma bandeira digna de ser levantada, como é o caso da liberdade de expressão. É igualmente compreensível que tenha havido identificação com a defesa do direito de não ser ofendido e preocupação com os efeitos nefastos decorrentes de sua violação -- principalmente em contextos geopolíticos delicados. É preciso se posicionar em relação ao acontecido -- disso não há dúvida. Não se deve esquecer, porém, o quão importante é suspeitar dessas posições.

Houve quem, de pronto, esteve preparado para lutar em prol dos direitos humanos. Em atitude de exército da paz, foi-se ao ambiente público -- físico ou virtual -- defender um lado, em detrimento do outro. Fruto dessa atitude, surgiu o já registrado #JeSuisCharlie (#EuSouCharlie). Os cartoons são um exemplo dos soldados que assumiram esse fronte. Personagens como Mafalda, Asterix e Laerte -- este um personagem tanto nos quadrinhos quanto fora deles -- empunharam seus pinceis, em uma atitude solidária difícil de se encontrar no meio artístico. Bonito de se ver.

Houve igualmente o gesto diplomático daqueles que fizeram questão de nos lembrar o quanto o debate poderia perder em profundidade, caso se limitasse à militância. Fomos avisados que é preciso entender que fundamentalismo não é igual a islamismo e que não precisamos dualizar a discussão, de modo a por, de um lado, o nosso modo de vida contra, de outro, o modo de vida deles. A embaixadora brasileira Lívia Sabota, em seu artigo na Folha, por exemplo, lembrou-nos de tantos outros desastres que aconteceram e vem acontecendo e que não ganharam tantas hashtags: as meninas nigerianas, os garotos paquistaneses, os jovens israelenses, "os 82 jovens -- 63 dos quais negros -- diariamente assassinados no meu país" etc. Enfim, os agentes do amor nos instaram que fossemos não só Charlie, mas também legião.

Houve, porém, quem tenha reagido de forma não tão amorosa e criado outra tendência: #JeNeSuisPaCharlie (#EuNãoSouCharlie). Nesses, a condenação do ato terrorista ocorreu e, junto, veio sempre a introdução de uma adversativa qualquer, lembrando, como fazem pais e mães zelosos, que eles, os jornalistas assassinados, podem até ter sido vítimas, mas santos não eram. O teólogo brasileiro Leonardo Boff, em artigo de opinião, assumiu essa posição, e seu texto foi largamente compartilhado em redes sociais. O músico Rogério Skylab, no Facebook, contrapondo-se a essa tendência, chamou esse "mas" de assassino. A ele pareceu que quem o enunciava não estava distante de outro discurso, o do "Eu não concordo com os assassinos, mas, no fundo, eu concordo".

Toda essa história faz lembrar um certo Sócrates, grego do séc. V a.C., que também não era santo nem nada e, por isso, foi condenado à morte por pessoas zelosas dos costumes, parecidas com as #JeNeSuisPa. Sócrates, acusado de três atos antijurídicos -- corromper a juventude, não acreditar nos deuses da cidade e introduzir uma nova divindade -- foi declarado criminoso: transgrediu a moral e os bons costumes que, naquele tempo, tinham poder de lei. Desrespeitou a crença alheia, Fez troça de autoridades. E pagou por isso. O filósofo que se comportou frequentemente como uma mosca na feira -- desrespeitosamente, pousando aqui e ali, de forma impertinente -- não teve vez em uma sociedade responsável. Pode-se dizer o mesmo da Charlie Hebdo que se assume, na capa de suas edições, como um "Journal Irresponsable"?

Talvez, sim, afinal, em uma sociedade responsável, só devem haver pessoas respeitosas. O resto ou que amadureça e se comporte como adulto ou que responda pelos seus atos -- "não digo que responda com a morte, mas...". A suspeita de Skylab tem sua razão de ser.

10 comentários:

João Emiliano Martins Neto disse...

Vitor, o Islã não é uma religião da paz de forma alguma. Já diria Santo Tomás de Aquino o Islã se expandiu fazendo uso das armas, ou seja, agiu sempre como um bandido, palavras do próprio santo na "Suma contra os Gentios".Esse seu discurso desse seu artigo que tenta desculpar o Islã é idêntico ao de toda a esquerda pois a mesma financia o terror islâmico. Quem é católico deve dizer #JeNeSuisPasCharlie por causa dos ataques dos cartunistas a religião cristã, mas em nome da liberdade de expressão deve dizer #JeSuisCharlie, porque nós cristãos não queremos matar ninguém por discordar da gente como sempre fizeram os muçulmanos.

João Emiliano Martins Neto disse...

Outro exemplo de que o Islã é algo maluco que só se expandiu através das armas e da violência é a opinião de Manuel II o Paleólogo citado pelo Santo Padre o Papa Bento XVI em uma aula magna na Alemanha em 2006 (clique no link que se segue para saber mais). Ora, uma fonte citada por alguém como o próprio papa é sem dúvida que um forte a respeito da malignidade intrínseca do Islã. http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2006/september/documents/hf_ben-xvi_spe_20060912_university-regensburg_po.html

Anônimo disse...

O problema é confundir direito de expressão com direito a falar qualquer merda e não ser criticado por isso. Todo mundo tem o direito de falar qualquer a merda que quiser, mas tem de aceitar a crítica ( e processos se for o caso). Acho uma bosta tudo o que essa Charlie Haboo faz, e eu achar uma bosta não faz de mim um defensor de assassinos nem de assassinatos. Ou será que uma revista que defenda nazistas não pode ser criticada nem processada porque senão é censura? Sou fã do Skyplab, mas um pouco de bom senso não faz ninguém virar um "publicitário".( publicitário segundo o Skylab, é um zé ruela que não arrisca artisticamente).

Anônimo disse...

O João Emiliano Martins Neto....malignidade intrisica do Islã? tá de brincation uiti mi né? só pode...Se acha que o que o santo papa fala é fonte inquestionável, então deveria ler o que o argentino fala...ou será que leu e como ele não concordou com vc vc não achou boa fonte? hahah
Ass: anônimo 19:25

Anônimo disse...

Religião sempre sera um CÂNCER

Paulo Ghiraldleli disse...

É muito difícil convencer um ocidental culto que ataque com lápis, pincel e borracha é equivalente a um ataque armado, seja lá o que for que o lápis, o pincel e a borracha possam apresentar como sendo sua relação de parentesco com o demônio.

Anônimo disse...

Não é "justa"a comparação dos cartunistas com Sócrates. Ele, Sócrates, como você lembrou, fez ataques aos costumes e leis do mundo/território político no qual ele vivia. Esse tipo de humor, desrespeitoso sim, não acrescenta, não constrói, muito menos desconstrói para fazer pensar, como Sócrates costumava fazer. Ele ridiculariza, faz chacota, nada além disso. Nada justifica uma ação deste tipo (matar seja em qualquer situação), MAS existem mortes mais pertinentes para serem lembradas e para que se faça tais manifestações contra. As manifestações na Europa foram um grito de soberania e união do continente. Ninguém ali deixou de dormir porque 12 pessoas morreram. O povo europeu deixa de dormir, caso sua soberania mundial, cultural etc, seja posta a prova.

João Emiliano Martins Neto disse...

O demônio usa os cartunistas anti-religiosos, usa os terroristas, mas sobretudo usa a esquerda para financiar e ludibriar a ambos. Só um idiota útil de marca maior não percebe isso.


Anônimo o que é que você tem contra o Papa? Ora, Bento XVI apenas citou a opinião de alguém como Manuel Paleólogo como poderia citar Santo Tomás de Aquino citado por mim que apenas expressaram o que é fato, pois o Islã é uma religião que é um Estado e todo Estado faz uso da violência NECESSARIAMENTE para se expandir. Logo, o Islã é intrinsecamente mau, portanto.

João Emiliano Martins Neto disse...

Câncer mesmo é a esquerda que o que quer ela toque vira bosta como um Midas as avessas. Pois foi a esquerda que criou o terrorismo islâmico na época da União Soviética.

Anônimo disse...

Caro cristão João Emiliano Martins Neto,não digo que o demônio influenciou sua escrita nos comentários por ter certeza que a besta não perderia tempo com uma criatura tão medíocre.
الله أكبر