Dois caramujos, outrora muito amigos, não se viam há muito tempo. Não que tivessem se desentendido, é que a Fortuna, a imperdoável das gentes, não os poupou e houve de separá-los. Percorreram paragens distantes daquela em que cresceram juntos. Conheceram outros tantos insetos diversos, sempre na velocidade que lhes é peculiar. Mas naquele dia, um como o de hoje, não se sabe se ensolarado se chuvoso, houveram de se encontrar. O primeiro, mais afoito, recordando da convivência que tiveram e da grande alegria que compartilharam, ultrapassou sua capacidade física e foi além de sua velocidade habitual para mais rapidamente encontrar o segundo. Este, mais prudente, mas não menos entusiasmado, também se dirigiu ao amigo.
Já a meia distância, prestes ao abraço caloroso e escancarado. O primeiro, na iminência do contato, em sua afoiteza, disparou:
– Caramba, rapaz, você andou sumido!
Assim é o tolo que, ao invés de alegrar-se da presença do amigo querido, faz questão de lembrar antes de sua ausência que compartilhar de sua companhia.
Um comentário:
Nesse momento, as pessoas raciocinam demais. Como consta de Jesus Cristo no comentário evangélico sobre uma sua prima/amiga/irmã: "Marta, Marta, te preocupas com tanta coisa, enquanto que só uma é importante... estar comigo!"
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